5 de setembro de 2006

O grito

Sinto-me velha. Não tenho mais a disposição que apresentava antigamente. Sentada vendo o tempo, poeira, tudo passando.Será que o fato de avançarmos para uma nova etapa traz tanta falta de otimismo? Será que as obrigações me subiram tanto a cabeça para que eu não consiga enxergar mais nada? E a poeira passa... Tento esconder com ela as falhas dos outros, além das minhas é claro, mas ela sempre passa. Eu permaneço, apenas eu. Enrijecida, como uma pedra.
Em um dos raros momentos em frente a televisão, fiquei sabendo que a obra O grito, de Edvard Munch tinha sido encontrada. Quem nunca teve um livro na escola que apresentava essa pintura. Apesar disso, nunca tinha observado com atenção o tamanho da angústia que ela traz, a tentativa de libertação através da voz que não sai da tela. Hoje me sinto como o grito, parado, angustiado, tentando, na esperança que alguém possa observar com mais atenção.