14 de abril de 2008

Camila

por Douglas Carvalho

Usar peruca não é das coisas mais confortáveis do mundo. Mas a menina só foi perceber isso na hora em que a fantasia ficou pronta. Ou quase pronta: ainda faltavam os óculos de lentes roxas. Agora sim. Praticamente uma Mutante com o cabelo cor de salsicha.


A réplica que Camila Diniz fez da Rita Lee ficou mais divertida do que fiel. Mas não importa. Junto com ela na encenação teve Elvis Presley, Baby Consuelo, Virginia Woolf com o cigarrinho na mão – aquele cigarrinho...

No caminho do palco, Mick Jagger faz um sinal de jóia para desejar boa sorte silenciosamente. Rita-Camila faz um sinal da cruz – religiosa como sempre – e manda bala na apresentação. Os anos 60 não seriam a mesma coisa sem essa turma. Nem os anos 60 nem o começo dos anos 2000. Só que desta vez, a turma era de mentirinha, num dia de festa no Colégio Coração de Jesus, onde cada um tinha que incorporar uma personagem.

Mas a personagem de Camila durou muito mais do que os minutos na frente da platéia. Na verdade, ela já nasceu na pele da persona. Mas não na da Rita Lee “Uma incógnita, eu diria”, brinca com a situação. A frase guarda um grande trocadilho: Incógnitas era o nome da banda que ela fazia parte. Qual foi o motivo do fim do grupo? “Bom, isso é outra incógnita”.
Com saudades, ela relembra: “Era banda com bê maiísculo. Tinha de tudo. Até uma moça que fazia percussão com latinha de pomarola”.

A música faz parte da sua vida desde cedo. Seja entre os amigos, entre os ídolos da adolescência – que ela leva até hoje – ou nas manhãs de domingo, quando faz parte da banda que toca na igreja. Quer conhecer o som? É só visitar as missas da Catedral do Carmo. Ou ler algumas matérias do Jornal da Paróquia. Além da música, esta é outra paixão da jovem Camila: o jornalismo.

Os desejos da garota misturam os sonhos de menina com os objetivos profissionais: conhecer Jon Bom Jovi. Fã declarada desde os tempos de It’s my life, quem sabe além de conhecê-lo, fazer uma entrevista e ganhar uma capa de revista. Enfim, planos para o futuro. Emoção parecida, provavelmente só quando ela estava presente na visita do papa Bento XVI ao Brasil. A religião ela não larga nunca. Quem sabe estes planos todos venham na forma de dádivas dos céus. Ela aguarda. Mas enquanto isso continua trabalhando.